segunda-feira, 23 de março de 2009

Seja aquilo o que você gostaria de ver no mundo...


A primeira aula do curso de Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, promovido pelo NETCCON.ECO.UFRJ, foi realizada pelo professor Evandro Ouriques, no dia 9 de março, das 9h30 às 13h. O tema abordado foi "Interesse, poder e dádiva nas Políticas Públicas, o rumo para superar a violência: A questão dos estados mentais e da generosidade".

Com o auditório saturado de alunos, Evandro começou a analisar a questão das impregnações insustentáveis nas palavras que utilizamos. "Por favor, façam uma lista dos palavrões mais usados rotineiramente por vocês", pediu. "Entendam que, a maioria utilizada fala sobre seus órgãos sexuais e de coisas que vocês mais gostam de fazer. Então, porque nós amaldiçoamos tudo o que gostamos?", analisou.

Explicou que a sociedade ainda é caracterizada como patriarcal, com conceitos peniacais (ou fálicos). Por isso, isolada do envolvimento com o outro, logo é autoritária e disfarçadamente apavorada diante de qualquer perda de controle. Na realidade, somos paralisadados pelo medo.Vivemos em uma comunidade desagregada sob a violência de todas as formas. É a afirmação do sujeito na eliminação do outro.

A necessidade de saber editar as palavras que usamos é algo imprescindível para o fortalecimento da cidadania, visto que "as mesmas são nós de redes de coordenação de ações, não representantes abstratos de uma realidade independente de nossos atos" (MATURANA, 1997).

Assim, a experiência de envolvimento é a própria experiência de comunicação, ou seja, da comunicação como encontro, que por sua vez, é a própria experiência do humano. O envolvimento como experiência das literaturas e da cultura, levando a palavra a ser um instrumento da cidadania.

Ela trata de amor, biologia, religião, mal, morte, sofrimento, verdade, objetividade, ação desinteressada (como a da mãe com seu filho) e revolução. As Políticas Públicas Sociais estão inseridas neste sistema social de cooperação, de generosidade.Temas que, atualmente, caíram em descrença ou no esquecimento da sociedade, mais preocupada com o capital.

E, como mediadora desta sociedade descrente e cheia de padrões mentais anacrônicos está a mídia. Ela que provoca uma desconexão nos seres humanos, graças aos estereótipos que divulga. Não gostamos de nosso corpo, tentamos mudar a estrutura de nossos cabelos, e muitas vezes, acabamos nos sentindo mal se nadamos contra a corrente.

Mesmo assim, o ser humano ainda me surpreende. E a cada dia que passa, ele me deixa boquiaberta com a diversidade que a mídia não quer mostrar.
Duas lições que este momento me proporcionou foram:

"Seja aquilo o que você gostaria de ver no mundo"...
"Como é possível ser igual na diferença?"...

* A foto acima foi tirada por mim, em Vassouras...É um pai e um filho observando uma fonte na praça. Isso que eu gosto de ver no mundo...




Um comentário:

  1. Que beleza de texto, que beleza, grato!
    Conte sempre comigo,
    carinhosa-mente,
    Evandro

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