segunda-feira, 23 de março de 2009

The clown

Cheguei no Rio de Janeiro, dia 16, por volta das 8h20. Quase enlouquecida, porque sabia que não ia dar tempo de chegar à Praia Vermelha às 9h30. O trânsito estava uma loucura e eu ainda tinha de comer na rodoviária...Saí correndo da Novo Rio e fui ao ponto de ônibus mais próximo. Peguei o ônibus da linha 2011-Leme, o qual passava perto do Rio Sul. Dali era só atravessar e andar igual a uma louca até a UFRJ. Dei de cara com uma trocadora de mau humor, quando perguntei se realmente aquele ônibus passava perto do Canecão.

Enfim, eu nem imaginava o que eu presenciaria depois de sair do ponto. Eu comecei a conversar com um velhinho, muito simpático, que disse que me mostraria onde eu deveria descer. Estávamos indo bem, até que o ônibus quebrou na Cinelândia e tivemos de trocar de veículo. Fiquei feliz, pois ele demonstrou preocupação comigo. Quem em uma metrópole se importa com o outro?! São raridades...

No próximo ponto, a personagem título da postagem subiu no mesmo ônibus. Ele, pelo jeito, já era conhecido do motorista e do trocador. Ele tentou interagir com as pessoas, mas foi em vão. Eu tirei o fone do ouvido quando ele começou a falar. A personagem fez um sinal de agradecimento, apenas por eu sair do meu mundinho e parar para ouví-lo. As outras pessoas do ônibus mostraram desinteresse, algumas até reclamaram.

O palhaço pediu para todos cantarem parabéns para o trocador, pois ele estava triste achando que ninguém tinha se lembrado da data. Ninguém se pronunciou. O palhaço ficou desolado. Mesmo assim, ele não desistiu. Terminou de dizer por que estava ali... Queria vender cartões para uma instituição de caridade...Crianças com câncer. Eu fiquei arrasada quando ele foi passando pelas poltronas e poucas pessoas pegaram o cartão para ver. Agradeci e disse que na próxima quem sabe (eu não tinha dinheiro suficiente). O palhaço foi suprimido pela comunidade que estava no ônibus. Ninguém se importa. Ninguém escuta. É a política do eu, eu, eu. E, dane-se o resto. Dane-se o aniversário do trocador, dane-se a pessoa que está por debaixo da fantasia, danem-se os cartões e tudo mais que está por trás disso. Foi isso que percebi naquele momento.

Logo, imaginei "caramba, nada de cidadania, nada de políticas públicas, nada de responsabilidade social..."

Ele se despediu de todos, agradeceu e não perdeu a essência...Desejou bom dia a todos e um bom serviço. E, foi para a calçada, enfrentar outro batalhão de pessoas vazias. Eu fiquei tão perplexa que não consegui fazer nada. E me senti mal por isso. Por que os outros não se importam? Por que não ouvem? Qual o problema da sociedade em se envolver? Medo? Pressa? Egoísmo? E não me venham dizer que é mais uma característica da hipermodernidade.

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